No início dos anos 90 se comemorou o processo civilizatório que começou em 1492 e que acabaria 300 anos depois com as independências dos antigos virreinatos que conformavam uma macro entidade superior chamada Hispanoamérica. Podem ser discutíveis muitas percepções, e na dialética e principalmente na coragem para descobrir e reconhecer os progenitores deste complexo fenómeno geopolítico precursor da primeira globalização, duas, parecem evidentes. A primeira, que o início desta nova realidade foi executado paradoxalmente pelos indígenas, e a independência, pelos criollos, descendentes de espanhóis. A segunda constatação é que ao longo destes 300 anos e os 200 subsequentes, a história comum foi escrita, publicada e espalhada por Inglaterra, Holanda e Itália (em menor medida) e não por Espanha, este fenómeno é conhecido como Leyenda Negra. Até o ponto que Michel Chevallier, ministro de Napoleão III foi quem acunhou o termo Latinoamérica para denominar esta nova realidade. O de Hispanoamérica, porém, parece fazer mais jus à um território que observa dois parâmetros indiscutíveis, o espaço e principalmente, o idioma (com outros) comum, como defende o argentino Ugarte.