Tinha barba, longa, ruiva, se aproximou e perguntou se queria conhecer a Deus bem de perto, coisa que eu sempre quis, mas olhei para ele com assombro pensando quais seriam as regras do jogo, devia de ser um jogo, não era possível conhecer a Deus de maneira tão pop, na Espanha estas coisas sempre foram muito graves. Como percebeu um certo ceticismo, sempre respeitoso, completou que provavelmente eu estaria pensando que iria colocar uma bomba no meio da universidade, claro que não lhe disse que sim, mas o pensei, depois o vi num palanque alçando os braços na frente de uma turma multicolor, nos EUA tudo era muito diferente, as raças, os discursos, a maneira de buscar a Deus e o dualismo que inspira todos e cada uma das atitudes dos americanos.
Amar e odiar não formam parte do idioma espanhol. Frases introduzidas com I hate ou I love são extrações cinematográficas que, é importante reconhecer, simplificam o mundo. E o polarizam. Em espanhol nada é odiável e nada é amoroso demais para sugerir descartes ou compromissos ineludíveis. Como muito, o entorno pode ser Chévere, agradável, mas com ressalvas, mutante e contingente, gostamos e não gostamos, amanhã tudo pode variar, como o clima, como também as pessoas envelhecem ou se transforma o apetite e os gostos pelos alimentos.