A língua manifesta-se como um dos principais substratos comportamentais e como um dos principais alavancadores da cultura dos países. Adriano Suassuna adoraria o esforço bilateral que o Brasil e a Espanha fazem para evitar o anglicismo speakerphone veicular. O Brasil gravita entre a tentação de adotar estrangeirismos ou preservar um dos dois patrimônios mais exuberantes de uma nação, o idioma (o outro é a moeda). Espanha nunca vacilou neste sentido, onde sempre prevalece o recurso próprio ao importado. Mas neste caso, os dois escolheram rentabilizar a realidade em forma de Viva-voz, Brasil, e Manos Libres, Espanha. E aqui vem a reflexão final, como as palavras refletem o que há, não pareceria que as mãos livres seriam mais próprias do Brasil que da Espanha, pelo fato de ser um país fluido e até flutuante? E a voz viva, da España, pelo arraigado costume do grito, tão impregnado em todos os estratos sociais, gerações e história?