A curiosidade de uma criança não tem limites, ou não deveria tê-los. O meu avô escutava as minhas com suma paciência, com a paciência de avô, a paciência de avô também não tem limites, ou não deveria tê-los, então se juntava à minha curiosidade com a paciência dele e tudo resultava num cenário no qual um falava sem noção de dispêndio e outro escutava com a perseverança de alguém que se sabe de volta de quase tudo e todos.
O cansino fala sem discernimento, e o entorno escuta com mais ou menos atenção. Falar unilateralmente sempre foi um fato social, punível, mas venial, também é verdade, sempre estavam os de facilidade de palavra e os mais propensos à observação, o caldo de cultivo onde o cansino normalmente se propaga com soltura e liberdade. O problema são os tempos atuais, onde o mundo cada vez mais está menos propenso ao delicioso fato da escuta, o que provoca uma diminuição da qualidade do personagem típico da nossa história. Que cansinos tão cansinos os de antanho.