Segundo Villanueva / São Paulo, 29 de Março de 2023
Segundo Villanueva Fernández. São Paulo, 29 de março de 2023
40.000 anos atrás os nossos antepassados pintaram um javali rupestre para atrair os javalis de verdade, porém, ele não atraia. Nem alimentava. Perceberam que a linguagem simbólica não colocava o javali para dentro, ele corria, mordia, tinha certa inteligência, descobriram como fabricar lanças afiadas de pedra ou obsidiana, conseguiram colocar o javali para dentro finalmente, comer melhor e combater doenças com estabilidade. As lanças deixaram o lugar aos rifles do século XIX, onde Buffalo Bill quase acabou com os bisontes porque num momento havia mais rifles que animais, era necessário dar um tempo.
O escritor argentino Martín Caparrós, no Congreso de la Lengua (Cádiz, Espanha) propõe que o espanhol ou castellano se chame americaño, porque assim coloca o javalí para dentro. Cabe pensar que um dia teremos que dar um tempo nesta Torre de Babel para evitar a proliferação de rifles e deixar que as realidades recuperem sua virgindade e se reproduzam como nos primórdios dos tempos.