Segundo Villanueva / São Paulo, 20 de Julho de 2022
Segundo Villanueva Fernández. São Paulo, 20 de julho de 2022
A minha mãe costuma suscitar debates com meus horários intempestivos, está claro que existem dois tipos de gente, os noctívagos e os matutinos, dentro destes últimos é onde eu me encontro bem. Da última vez ela teve que apelar ao drama almodovariano recuperando uma velha palavra, Desazón (me estás dando un desazón de levantarte a estas horas) Como gosto de palavras mãe, fui ver a etimologia: malestar em primeiro lugar, moléstia e desassossego em segundo, desgosto, inquietude interior em terceiro, falta de sabor em quarto e finalmente, ausência de sal. Vejam como as palavras nascem, crescem e viram de ponta cabeça no final, na cadeia semântica, quem diria que o sofrimento da minha mãe fosse gerado pela minha falta de tempero (sal grosso, por exemplo). Por último, isto me faz pensar que existe uma corrente, ao contrário da minha mãe, que procura nesta fila de significados o último de todos, sendo que ninguém se lembra mais, principalmente porque não se usa, é a primeira acepção de 7 ou 8 posteriores, e só o último, vive. A minha mãe é magnífica. Na España Aquí somos como a minha mãe.