Segundo Villanueva / São Paulo, 19 de Setembro de 2022
Segundo Villanueva Fernández. São Paulo, 19 de setembro de 2022
Quando a Vinicius na Espanha um jornalista lhe pediu para deixar de "hacer el mono" (locução verbal) ao comemorar os gols dançando, queria caprichosamente que desistisse de "hacer tonterías, el payaso" (macaquices). "Mono", substantivo é um bípedo, simio, aplicado a pessoas de raza negra, pejorativo, finalmente, racista (muto mais sutil no Brasil). "Mono", adjetivo significa bonito, existem derivadas como "monada" ou grupos como "muy mono" (muito bonito, uma graça). A junção deliberada da definição de mono substantivo com a locução verbal inicial pertence à intencionalidade do interlocutor e neste debate levamos uma semana inteira de polêmica.
Quando Vinicius dança, reproduz sua origem, natureza e cultura. Na Europa, na Espanha, pode ou não ser interpretado assim, mas também como deboche, como algo gracioso, ou, simplesmente nada disso, uma excusa para carregar contra alguém de sucesso, o qual é bastante normal na vida e terrenos supérfluos como o circo do esporte.
Luis Suárez comemorava os seus frequentes gols atirando contra o público (o chamavam do El pistolero), ninguém abriu a boca para rebater os tiros do uruguaio, o qual sempre me chamou um pouco a atenção, não é preferível dançar a atirar?
Finalmente, acabo incorporando uma frase antológica do neurocientista Mariano Sigman, mestre dos bons papos, diz assim: "Si nos calláramos todos un rato, sería un bálsamo de calma en el Universo".