Quando na segunda e terceira década do século XIX começaram as independências de todos e cada um dos virreinatos americanos só 20% da população falava espanhol, no México existiam 60 línguas diferentes, todas elas ágrafas (sem escritura), foram os dominicanos e franciscanos no início deste processo inter-civilizatório, no século XV, aproveitando o excelente trabalho de Nebrija que as dotaram de grafia, com sua própria gramática, fonética (complexíssima) sintaxe etc. Nebrija era um latinista confesso, porém reconheceu uma realidade linguística imponente, a língua falada, incipiente, superando o latim, estava surgindo o espanhol. Do outro lado do Atlântico, inspirados por esta tarefa hercúlea de Nebrija, os dominicanos começaram registrar as inúmeras realidades linguísticas do território mesoamericano, como na península, um processo, sincrónico, curiosamente.
Quando escuto que o espanhol foi a língua do império (esta frase alude a Roma) não considero que seja verdade, primeiro porque era minoritária na época e em segundo lugar, como vimos, porque estava em processo de construção e registro (Malinche falava nauatl, duas versões de maya, latim e espanhol).
Curiosamente, só depois da independência que o espanhol avançou imparável, até virar hoje a língua oficial para quase 600 milhões de pessoas, um orgulho que inspira uma transcendência cultural denominada Hispanidad, cujo dia se comemora no dia 12 de outubro.