Segundo Villanueva / São Paulo, 17 de Janeiro de 2023
Segundo Villanueva Fernández. São Paulo, 16 de janeiro de 2023
A minha tia Maribel costumava encurtar as distâncias físicas entre os pequenos prédios que compunham o minúsculo vilarejo espanhol gritando através das janelas. Eram conversações semipúblicas com a minha mãe, os que passavam na rua podiam se incorporar espontáneamente, se assim o desejassem. Eu, criança, já percebia que ofereciam mensagens banais, mas quando o tempo desenrolava o protocolo, também algumas indiscrições perante a quais a minha progenitora tentava emudecer colocando a interferência dos afazeres domésticos. Quando a janela se fechava o mundo retomava o trem da cotidianidade e o ato comunicativo emudecia submerso num ritual simples e familiar. (o grito, tão frequente na Espanha, não foi inventado pela minha tia Maribel nem a minha mãe, mas este grito merece um lugar muito especial em algum lugar).