Quando disseram que no fim de semana iriam passear, recuperei uma imagem certamente romântica do passeio, duas mãos entrelaçadas, uma relação discutida, uma cessão de tempo mútua, um balanço maduro e exclusivo, pensei em vários cenários, no Parque Ibirapuera, na Sumaré ou quiçá em alguma rua com abundantes lojas tentadoras em questão de cafés, amplas e coloridas ofertas de doces, vitrines sugestivas, até cinematográficas. Longe da realidade. Quando Brasil passeia, passeia bruto, agora, na Itália (está na moda Viajar para Itália, Turistear en Italia, Hacer Turismo en Italia), e com isso se realça um choque semântico que faz com que o passeio (em espanhol) seja quase invisível por menor, na verdade é outra coisa, doméstico, humilde e cheio de objetivos de saúde e vitamina D, sol, com o único objetivo de sair um pouquinho de casa, andando, nada de avião (nem ônibus, nem carro, nem bicicleta), normalmente na quadra ou parque que fica do lado da casa onde cada um mora. Eis o Paseo hispanoamericano de sempre competindo, uma vez mais, com a infinita exuberância brasileira.
