Quando usamos Usted queremos marcar uma diferença inspirada em algum tipo de hierarquia, a primeira por causa da idade, e que pode ser bilateral, a mais normal; em segundo lugar, pelo respeito profissional, vamos denominá-la, reconhecimento, tudo bem?; e em terceiro, a mais complexa, transgressora, seria provocada pela subjetividade do interlocutor com o receptor para sugerir distância. 

 

As duas primeiras sempre me pareceram absolutamente naturais, e quantas vezes me surpreendi quando um universitário aqui no Brasil tratava ao professor de Você (eu transportando modos do espanhol para o registro português, de maneira errada).  Porém, com quanto respeito é considerada a pessoa de idade neste país, posso arriscar que até limites líricos usando a expressão O senhor.  São comportamentos naturais.

 

O terceiro caso é político, distanciar o compromisso com Usted quando não existe nenhuma das duas hierarquias referidas anteriormente supõe um desejo de distanciar a subjetividade individual, promover o respeito e eximir ao diálogo de conotações emotivas que possam deslegitimar o objeto neutro da mensagem.

 

Como surpreende aqui que um professor universitário de lá (eu aqui, de novo) trate ao aluno de Usted para distanciá-lo, para enquadrar o relacionamento interpessoal exclusivamente na produção intelectual.